terça-feira, 23 de junho de 2009

UM DISCURSO NADA ESQUISOFRÊNICO


Que a mídia influência constantemente nossa identidade cultural não se pode negar, filmes norte-americanos, desenhos da Disney, propagandas comerciais de bonecas, seriados e uma gama de outros programas televisivos que criam estereótipos e moldam o espectador, geralmente com fins de consumo e manobras de massa.
Porém não posso deixar de incidir sobre as tão assistidas telenovelas, já faz um tempo que caio em gargalhadas com o cinismo explicito trazido pelos seus discursos, cenas carregadas de preconceito e racismo influenciam direta ou indiretamente o espectador sobre como pensar o mundo, muitas vezes este inerte e vidrado pela trama nem se dá conta do discurso dominante e dominador embutido ali.
Depois de Juvenal Antena encenado por Antonio Fagundes, um líder nada democrático e o safári pela sua comunidade, veio os Mutantes ainda com uma infeliz continuação, que trás falas do tipo “ precisamos ajudar esta comunidade carente, eles precisam de nós aqui”, ou seja a cúpula burguesa esta ali com seus dotes de alta cultura e formalidades mil para “salvar”.
Estes discursos ainda não são lá tão implícitos, porém alguns discursos estão tão bem inseridos nas entrelinhas da trama que passam despercebidos, pior ainda são reforçados pela citacionalidade e repetição.
Acredito que grande parte da população assiste ou já assistiu a atuação do ator Bruno Gagliasso representando o personagem Tarso, jovem burguês que sofre alguns distúrbios relacionados a esquizofrenia e que vive freqüentes conflitos com o pai, Gagliasso criou até um blog para manter um elo entre o espectador e seu personagem.
O personagem chama atenção para seu aspecto europeu, com olhos azuis e traços suaves, galã e rico, faz um tipo meigo de bom mocinho e sempre nos braços de sua namorada, engraçado como o discurso é exato e pontual assim como diria Foucault, escolhem a dedo aspectos mais ventáveis, criam uma personalidade honesta (cristã), nasce então um sujeito perfeito que precisa de ajuda das áreas psi (psicologia, psicanálise, psiquiatria) para estar apto a viver na sociedade.
Não discuto aqui até que ponto precisaria de ajuda profissional alguém com este quadro, o grau de esquisofrenia como patologia, mas, sim como tudo isso não é ingênuo e afeta as estruturas sociais.
Onde quero chegar com isso? Vamos ligar as idéias então;
Primeiro a TV é um meio de comunicação em massa que atinge milhares de pessoas, logo é um dispositivo do poder, levando em consideração que poder e discurso estão intimamente amarrados, ao transmitir a idéia de que esquizofrenia é mais comum do que parece, ao comentar estatísticas e outras quantificações relacionadas a esquizofrenia, este saber-poder passa a regular e controlar, faz com que seja um problema de saúde publica, que atinge jovens, que por sua vez devem ser controlados e regulados ao apresentar desvios, desvios daquilo inventado também discursivamente como padrão. Visto que da TV estas noticias migram para a internet (vi outro dia destes naqueles quadros de noticias algo sobre o personagem Tarso) e mídia impressa, reforça, controla, regula e ali está instaurado a esquizofrenia generalizada, tudo o que a elite precisa para manter o jovem subversivo calado, ele não passa de um esquizofrênico!
Acompanhado com isso vem a demonização de diversas manifestações como; leituras, roupas, cursos, drogas... quem está fora da norma corre o risco de ser o esquizofrênico, acham isso demais? Acham isso forçado? Lembrem de Hitler e seu discurso paulatino, o micro-poder age lentamente, com pequenos discursos e vai se instaurando imperceptivelmente.
Sem me alongar deixo como reflexão uma questão levantada por Rob Gilbert, sobre como podemos ter certeza diante desta incerteza que é a pós-modernidade, fragmentados e dispersos, com tantos meios de informação somos todos esquizofrênicos vivendo em paralelo numa infinita rede simbólica, imersos em um mundo cibercultural, seja na internet, vídeo game, TV, celular... somos ciborgues e isto não é mais ficção.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

LINGUA PRESA




Lembra daquele velho livro que você teimava em não ler, lembra daquela velha história, Sophia vai morrer, mas mocinho nunca morre, como numa aula de química, nada acaba tudo se transforma, assim como o amor e toda dor, isso sem falar naquele ardor nas noites de calor, janeiro, fevereiro e março, abril nem sequer existiu.

Sinto muito, sinto tanto, tanto quanto eu, sua pele, seu pelo, sua prole, seu gelo.
Sinto muito, sinto tanto, tanto quanto eu, sua sombra, seu ombro, seu cheiro, seu seio.

Seu semblante e postura no tamanco, ar de mulher e silhueta de ninfeta, falando bebe de língua presa, solta na dança, no mundo, na vida, morre toda noite e renasce toda tarde, no por do sol ganha asas de libélula, pousa seu abdome em quem te satisfaz, me desculpe pelas falhas eram apenas dias de palha, ainda lembro você desistiu.

Sinto muito, sinto tanto, tanto quanto eu, seu liquido, seu quarto, seu banho, seu 4.
Sinto muito, sinto tanto, tanto quanto eu, sua nuca, seu pôster, sua nádega, seu tênis.

Roda o vestido roxo listrado, fácil de ser alçado, levanta a blusa de numero infantil e mostra teu umbigo meio ardil, balança teu cabelo de raízes negras tão piegas, olha para os homens ao redor e se pergunta qual seria menos pior, a falta de lealdade é só promiscuidade, só nossa e de mais ninguém.


Sinto muito, sinto tanto, tanto quanto eu, sua fala, seu taco, sua mala, seu ponto fraco.
Sinto muito, sinto tanto, tanto quanto eu, seu contini, sua mesa, seu grito, sua língua
presa.

E o livro não acabou, Sophia não morreu e nem você me esqueceu...

24/04/2009

DEMÓSTENES

domingo, 7 de junho de 2009

LIBERDADE


To de olho na menina , com as preces pro futuro e preguiça do presente

O passado é inoportuno, carta atirada ao monte o baralho

A garota é incerta, te-la em meus braços é tão platonico, pois é só em pensamentos que a terei

Me vem a idéia, a solidão dos pensadores, seus amores e desgostos

A melancolia de Nietshze, a alegria... a alegria... desculpe esta não existe mais

Meu lado humano é tão Satreano, to tão vivo que nada me impedirá de morrer

Até meus desejos sexuais Freud já descreveu, seu pensamento de ateu

To com saudades de ti suprimido em meus desejos, lampejos

Tua enorme oportunidade e tua ida tão fora de hora

Volta pra mim te darei tudo, até teu oposto, sem ti vivo de desgosto

Quero te sentir todo dia e o dia inteiro, teu gosto

Miha vigília é eterna, quando tento te buscar sou emboscado pelo sentinela

Incorporado pela prisão tão falada, Foucaultiana

Quero agora seu beijo, vou te gritar até aparecer com vergonha de seu verdadeiro dono

Eu a mereço sou carrasco sim, mas com motivos, pois sem você não sou

Agora grito teu nome aos sete ventos, pela minha vontade e vaidade

LIBERDADEEEEEEEEEEEEEEEE

Demóstenes 08/2007

quarta-feira, 3 de junho de 2009

ASTRONAUTA DE AÇUCAR


Tudo ao meu redor esta pior, um cisco, o blazer da vitrine
O preço do meu sapato, o logo que vai ao lado, o tamanho do meu cadarço
O telefone móvel já tomou o fixo lugar de antes
Tem que se conectar no meu automóvel, o emblema é um problema
É um prédio alto e caro 106, 206 o 207 e já planejam o 306.
Guerras quentes com mísseis e radares, lentes de longo alcance
U.S.A. contra I.E.U.NÃO. SEI. Cubanos, mulçumanos, mexicanos e brasilanos
Tomam seu café e armam planos
O sotaque chinês será a bola da vez, um Bush Ling se aproxima
Ainda existem heróis no espaço, a nação saúda o astronauta de açúcar.
Comercial caro e não barato, para naves de mentira, é tudo truque, ilusão,
O carro, o móvel, o tênis a vitrine o homem
E na escola ainda ensinam a não ensinar, ensinam a adestrar
Sente e ouça, olhe e repita, não leia, mas, assista.
DEMÓSTENES 17/03/2009