sexta-feira, 22 de maio de 2009

ADIAMENTO



Descobri à pouco que sou do adiamento,
Adio visitas, filmes e entrevistas,
Adio o sono, o despertador e a cama,
Adio o tombo, o remédio, o soro,
Adio o bebe, o matrimonio, a turnê,
Adio o tiro, o banheiro, o banco,
Adio o posto, a geladeira, o soco,
Adio a rua, o cheiro, o sopro,
Adio o processo, o medo, o sucesso,
Adio o adeus, a recepção, o julgamento,
Adio a ordem, a seca, a greve,
Adio o eu, o tu, o eles,
Adio as doenças, as esperanças, as vinganças,
Adio as drogas, as boas, as novas, as velhas,
Adio o L, o S, o D,
Adio a Bi, a da internet, a ti,
Adio a idade, o vicio, a vaidade,
Adio o tesão, o pufe, a ejaculação,
Tento tanto adiar o gozo, difícil adiar o prazer,
Da vida, do enfado , da guerra, do prato,
Adio o adiamento, pra durar um tanto mais, sem mais, nem menos...

DEMÓSTENES
? /05/2009

terça-feira, 12 de maio de 2009

CHAMA EFICAZ


Se esforce para entender o que digo, quando digo que seu afair não é comigo,
Sou mais que um simples beijo, que uma fabrica de dengo, um ombro amigo.

Meu fogo é de chama eficaz, queimo até píer, e no cais com uma qualquer,
Já nem quero mais tantas meninas, apenas me satisfaço quando posso, isso se der.

Isto é o que se espera de quem não tem tempo, para viver e nem para matar,
De pernas pára o alto só fiquei no parto, o cordão fui eu mesmo quem cortei.

Quanta estrela pra contar, tanta poesia a recitar, e com vocês no meu pé não dá,
Quanto Foucault pra ler, tanto Da Vinci pra ser, e sem vocês não da pra ver.

Sexo é bom mais engorda, a barriga cresce e seu tempo desaparece,
Acho melhor ser pai uma vez só, mais que isso anonimato e embriaguez.

Minha hora é mal paga, sou mesmo vagabundo, não quero profissão e nem gravata
Só estou vivendo viajando e sonhando, não importando com quem, como e quando,

Inventamos tanto, doença, status, dor, saúde artefatos de leilão,
E onde vou vem comigo seu discurso tão discursivo, seu coração.


Demóstenes
03/01/09

sexta-feira, 8 de maio de 2009

ESGOTADO

A partir de agora comunico que;
Acabou a areia da ampulheta,
Deu-se fim no eco do grito,
Esgotou-se a paciência,
Estão extintos os animais a pouco quase extintos,
Os caros não são mais raros,
E os raros estão ainda mais caros,
A água evaporou do cantil,
Pararam todos os carros,
Agora é zero o que eu era mil,
Não existe mais natural,
Tudo que é peito também é suspeito,
Aquilo que era puro agora é pura mistura,
As armas brancas estão vermelhas,
E já não adianta mais,
Depilaram a lã das ovelhas,
A cola já não é mais tão tenaz,
Lentamente o gelo virou água,
A urna soprou as cinzas,
Mortais são ainda menos imortais,
Até mesmo o grau deixou os óculos,
E sem pálpebras nus ficaram os olhos,
Bexiga sem urina, coração sem sangue,
Cérebro sem neurônio, mão sem dedo,
Púbis sem pêlo, carta sem selo,
Mar sem sal, rico sem serviçal,
Eu sem você e você sem meu ...quintal.

Demóstenes 22/04/09

Noites pós modernas


Ascenda as luzes dos refletores, destes olhos seus refletidos nos meus
Mira na noite da cidade e pousa em uma figura qualquer
Hoje é free pode escolher ser homem ou mulher
Nao se sinta ameaçada de despir teus mais íntimos desejos, já enfadados
Voe em um razante pelo lago espelhado de impurezas e avarezas
A noite é tua, é minha e de quem quiser ver e viver

Eis a realidade normal de um filme de ficção real, meninos e meninas correndo contra o tempo, contra a escuridão do velho jargão
Nas noites pós-modernas quem mandam são elas, as loiras, as geladas as ervas, as balas e as baladas no fim as freadas e vidraças embaçadas
Danças adrenadas em ritmos fugazes, corpos de Cheeva ou centopéias, mil olhos de aranha aguçam a percepção, mil passos para tocar o chão
Ativamente frustrantes enlouquecem e o tornam mutante, hora alegre, hora depressivo, hora coringa hora, super homem
E agora vem me dizer que esta com medo de viver, mais que medo de morrer, enobrece teu andar e corra atrás do e como jaguar
Pisa nestes cacos, cria uma utopia provisória, descasca deste casaco sua fantasia de ator e para de tentar ser cria e criador
Tribos na ruas suplicando pelo seu pedaço do bolo, estrela no universo, parte do ouro, sangue de tolo
Minha geração pede ajuda as outras gerações, não consegue criar cançou de copiar, só bagunçou, quero um hipiee soul.
Sem ditadores para cuspir, nem estatuas para depredar, sem lenços na cara e nenhum Che Guevara
Até Buda se revoltou, saiu na balada e um pileque tomou, Dalai Lama caiu na cama e anarquizou com Madona
Esta é a calada da noite, barulhenta e nada tímida, é ínfima com um toque infinito, de onde soltam fumaça e ecoa um grito.
Demóstenes 01/10/08