sexta-feira, 8 de maio de 2009

ESGOTADO

A partir de agora comunico que;
Acabou a areia da ampulheta,
Deu-se fim no eco do grito,
Esgotou-se a paciência,
Estão extintos os animais a pouco quase extintos,
Os caros não são mais raros,
E os raros estão ainda mais caros,
A água evaporou do cantil,
Pararam todos os carros,
Agora é zero o que eu era mil,
Não existe mais natural,
Tudo que é peito também é suspeito,
Aquilo que era puro agora é pura mistura,
As armas brancas estão vermelhas,
E já não adianta mais,
Depilaram a lã das ovelhas,
A cola já não é mais tão tenaz,
Lentamente o gelo virou água,
A urna soprou as cinzas,
Mortais são ainda menos imortais,
Até mesmo o grau deixou os óculos,
E sem pálpebras nus ficaram os olhos,
Bexiga sem urina, coração sem sangue,
Cérebro sem neurônio, mão sem dedo,
Púbis sem pêlo, carta sem selo,
Mar sem sal, rico sem serviçal,
Eu sem você e você sem meu ...quintal.

Demóstenes 22/04/09

Um comentário:

  1. estou aqui no privilegio de ser o primeiro seguidor deste blog e o primeiro a comentar...
    adoro...

    muito!!!

    Demo, vc costroi frases lindas e muito poeticas... li os dois textos e me trasportei para sonhos, realidades... gostei de mais

    estarei sempre por aqui, tenha certeza disso


    abraços

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