domingo, 19 de julho de 2009

TIGRE DE BENGALA

E nós jovens ainda vivemos a margem,
Somos os maiores consumidores e tão assim desvalorizados,
Ou jogamos seu jogo ou não dançamos a dança.
Ser tratado como a pura diferença, identidades subjugadas,
Isso não é fácil, quero erguer minha bandeira,
Gritar que estou aqui, vivo e pensando.
Em selva de pedra sou animal de carne,
Tigre de bengala no meio de hienas,
Sedentas pelas sobras do meu belo jantar,
Em volta da fogueira sonora e em pleno ritual,
Sagrado e sangrado porque não,
Encharcado de suor correndo atrás da presa,
Encurralando outras, meus olhos de fogo chamam a atenção,
E quem os olhar agora sabe o que quero, onde e como quero...




DEMÓSTENES 23/04/2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009

ÁGUA ARDENTE



Não há mais quem faça,
esta boca seca e morta
arder feito cachaça.

Mais nem o coração,
velho, santo e empoeirado
faz bater numa arruaça

A batucada lá do velho samba,
que deixa o morro cheio
e a mulata de perna bamba

To mais é querendo perfurar teu hímen,
sem culpa, sem roupa,
sem camisa de banda ou de Vênus

Na velhice da desgraça,
seco feito poço,
rouco feito porco

E nesse balanço todo vamos torto,
Reparando nos bustos da mulata
que ta pra cima e nunca cai

Pois o que cai é só o velho,
é o samba do velho,
já de perna bamba


A preta gira, gira a barra da saia,
que combina com o tom do tomara que caia,
atirada no meio da gandaia

E é pra nego fica de queixo caído,
de olho no umbigo da mulata que é pra dentro,
ardendo feito forno em brasa,

A brasa, a brasa, queima,
queima o morro e sobe no estopo,
estopim do incêndio sem fim..

Que só se apaga com a brisa do sopro, do samba do velho,
Que já não deixa mais a mulata de perna bamba,
Porque não bate mais no pandeiro do partideiro muito a pampa.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

ATMANAVICIUS


Em vestes de menina-moça, engana qualquer lobo mal
Vestida em saia rodada, não roda na mão ninguém
Com um belo rosto de porcelana, esconde ainda mais do que insinua, insana
Pois insinua isto, aquilo e um pouco mais de tudo, faz te querer nua
Mesmo o mais sedutor, mirado em teu olhar torna-se um tipo normal

Com cara fechada, assim continua, só abre a quem lhe convém
Teu semblante é como uma película de filme estrangeiro
Só se vê de madrugada, uma vez na vida e ainda assim não se assiste inteira
É como um livro de poucas paginas, sem capa ou contra capa
Dispensa explicações, faz apenas observações, pequenas, quase nada, nada
Mas de paginas intensas e suculentas, história que não perde a graça

Em um jogo sedutor o beijo é apenas um detalhe inicial
Assim quando as portas se abrem descobre-se um local hibrido
Meio céu, meio inferno, meio formal, meio animal, tudo é permitido
Na transpiração da sauna ou na refrescância de um banho, tudo é real
Dejavú do dejavú e dejavú nunca visto, impressão de já conhecê-la

É arte, é abstrata, é sulreal
É viagem que emana do mantra
É um vicio de carnaval

DEMÓSTENES
23/04/2009

terça-feira, 7 de julho de 2009

SIM-SALABIM


Ando cabisbaixo feito um cachorro sem dono,
Menino de rua, um rei sem trono,
Ainda tão indignado com o desfecho da trama,
Desavisado sobre a seca, de luto e de cama,

Morrem as esperanças para dar margem as matanças, então nasce a coragem para novas andanças,
O começo do fim não soa tão bem quanto o fim do começo,
Palavras e promessas não dão fim às feridas na garganta,
O sono da noite não é compensado pelo sono do dia, como velhos ditados incertos já dizia minha tia,

Ando desprevenido feito um desempregado,
Perua sem grana, cachaceiro mal amado,
Ainda tão desolado com a melodia do samba,
Bezerro sem teta, gaúcho sem pampa,

Um passo para abismo do cotidiano foi a solução , salto para o purgatório visitar Jason e Zé do caixão,
Se saio uma vez continuo a sair, se saindo continuo meu destino é cair,
Noites avessas só pra suprir o meu ego, não trás recompensa, nem grana e sucesso,
Vingança de morte não satisfaz a vontade de vida, como pensaria Salomão quando seu ouro reluzia,

Abre te Sézamo, Sim- Salabim
Traga uma vida nova para mim....
DEMÓSTENES 06 julho de 2009